Uma Harley, um discurso e a magia de confiar no invisível.
Uma reflexão sobre masculinidade consciente, saúde mental masculina e a importância de confiar no fluxo da vida.
Ontem vivi algo que me tocou profundamente.
Não foi apenas o rugido das motas, o estilo impecável ou a beleza do evento. Foi o que ficou para além do capacete: o que acontece quando nos colocamos em presença, falamos com o coração e deixamos o universo conduzir.
Fui convidada para fazer um pequeno discurso no Gentleman’s Ride Faro — um evento internacional que combina a paixão pelas motas com o apoio à saúde mental masculina e ao combate ao cancro da próstata.
Mas acima de tudo, este evento é um manifesto silencioso de que já chega de sofrer em silêncio.
O tempo de engolir emoções, de vestir a armadura todos os dias, de fingir que está tudo bem… esse tempo precisa de acabar.
Foi um espaço onde o arquetipo do Guerreiro encontrou permissão para baixar a espada.
Onde o Protetor, tantas vezes sobrecarregado, pôde ouvir que não precisa carregar tudo sozinho.
E onde o Curador — aquele que sente, transforma e lidera com o coração — começou a despertar.
E confesso: estava nervosa. Muito nervosa.
Preparei as palavras com o coração, mas quando peguei no megafone, o corpo tremeu e a voz falhou. Esqueci-me de metade do que queria dizer.
Mas ali estavam o Steve e o Pascal, pilares de presença masculina saudável, a lembrar-me que não precisava de ser perfeita — bastava ser verdadeira.

Falei sobre o que vejo todos os dias como coach:
Homens extraordinários que foram ensinados a resistir, mas não a sentir.
Homens que aprenderam a proteger todos à sua volta, mas que se esqueceram de como se proteger a si mesmos.
Homens que confundem força com silêncio e que pagam com ansiedade, isolamento, burnout e perda de identidade.
E tu?
Quantas vezes te escondeste atrás de uma armadura emocional só para te sentires segur@?
Que partes de ti (homem ou mulher) têm medo de ser vista na sua vulnerabilidade?
Será que a tua força está realmente em resistir… ou em permitir que alguém te veja e cuide de ti?
A masculinidade consciente não tem nada a ver com fragilidade, nem com inverter papéis.
Não queremos que os homens se tornem mulheres.
Queremos que se tornem mais humanos, inteiros, livres para sentir sem medo, amar sem culpa e viver com autenticidade. Com inteligência emocional. Com verdade. Com espaço para respirar.

Este também é um convite para todas as mulheres:
Consegues confiar no masculino saudável?
Ou ainda sentes que precisas controlar tudo para não voltares a ser magoada?
Será que o teu feminino repousa… ou está exausto de tentar segurar o mundo?
Eu já estava pronta para repousar. Tinha cumprido o meu papel, deixado a minha mensagem. Por isso, pensava que a minha participação terminava ali.
Mas o universo, com a sua sabedoria precisa e misteriosa, tinha outros planos.
Eu não tinha boleia para o passeio. E por isso já tinha aceito que ia ficar a ver os outros partir, quando um amigo que raramente tem disponibilidade apareceu, depois do meu discurso.
Ao chegar, ele reencontrou um outro amigo com quem não falava há 3 anos. Esse amigo, por sua vez, tinha ido votar e, por coincidência, foi convidado por alguém para o evento.
As motas já estavam a abalar quando, de repente, ouço:
— “Vai buscar o capacete, que vais naquela mota.”
Nem tive tempo de pensar. Só senti aquele arrepio de quando o universo fala mais alto do que a mente.
E lá fui eu, montada numa Harley imponente, com o vento na cara e o coração cheio.
O mais incrível? Nada disto foi planeado.
A minha mãe sempre me disse para não aceitar boleias de estranhos… mas esta boleia tinha o dedo de Deus.
Foi uma cadeia de coincidências tão improvável, tão precisa, que parecia ter sido cuidadosamente orquestrada só para eu poder viver o evento do início ao fim.
Foi como se a vida dissesse:
“Confiaste, entregaste… agora desfruta.”

E foi também um lembrete profundo:
Quando me permito permanecer no meu feminino: aberta, confiante, disponível para o que a vida quer dar, o universo encontra forma de me proteger com o melhor do masculino.
Não precisei forçar, controlar ou pedir. Bastou confiar.
E o masculino saudável surgiu: presente, atento, estruturado, protetor sem invadir, forte sem sufocar.
Nesse instante percebi, mais uma vez, que há uma força imensa em saber receber.
O feminino que confia, ativa o masculino que cuida. E este equilíbrio não é apenas espiritual: é profundamente humano.
A Sacerdotisa em mim reconheceu o sagrado no acaso.
A Mãe descansou, sabendo que podia ser cuidada.
E a Mulher inteira sorriu, entregue à dança da vida.
Este evento foi muito mais do que um passeio. Para além de ter sido organizado com um cuidado examplar. Foi um ritual moderno.
Um lembrete de que o equilíbrio entre o feminino e o masculino não é uma utopia:
é uma escolha diária.
E começa quando decidimos escutar o coração, mesmo que a voz ainda trema.
Ontem fiz novos amigos. Senti-me em casa. E saí de lá com a certeza de que o masculino não precisa de endurecer para ser respeitado: precisa de espaço para respirar e de permissão para ser verdadeiro.

Este blog é um agradecimento público:
🖤 À organização do Gentleman’s Ride Faro, pelo convite e pela coragem de criar um evento tão autêntico.
🖤 A todos os homens que ali estiveram — não só com as suas motas, mas com o seu coração.
🖤 Aos reencontros improváveis, à dança perfeita do universo, e às sincronicidades que nos mostram que estamos alinhados com algo maior.
🖤 E a todos os que caminham comigo neste trabalho de consciência, cura e reconexão.
Porque a nova força masculina:
Não grita. Escuta.
Não domina. Apoia.
Não foge da dor. Transforma.
Com estilo. Com coragem. Com verdade.
Se este blog te tocou, talvez seja o momento de começares a tua própria jornada de reconexão.
Trabalho com homens e mulheres que, tal como tu, sentem que há mais para viver — mas que já não querem continuar sozinhos, a adiar o que o coração já sabe.
Se procuras clareza, força emocional, liberdade interior ou apenas um espaço onde possas ser quem és sem máscaras, estás no lugar certo.
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Explora aqui e sente o teu sim.
A tua transformação começa quando escolhes dar o primeiro passo.

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